Visão Turim

Novembro foi marcado pela deterioração da situação fiscal brasileira, com a tentativa de se burlar o teto de gastos e pela perspectiva de elevação mais agressiva da Selic, a taxa básica de juros. No exterior, as atenções foram concentradas nas sinalizações dos bancos centrais. Estes foram os destaques do mês no webinar Visão Turim, realizado nesta quarta-feira.

O nosso economista Henrique Santos, destacou que a proposta da PEC dos precatórios representa um enfraquecimento relevante da principal âncora fiscal do país:

“A mudança no teto foi desenhada para abrir espaço para acelerar gastos no ano eleitoral e representa um desfecho pior do que seria um pedido temporário de gastos extraordinários fora do teto em 2022, pois mina de forma permanente a credibilidade da regra”, explicou, complementando que as incertezas sobre a cena fiscal e os debates sobre o desenho do novo benefício social (Auxílio Brasil) fazem com que o Banco Central aja de forma mais enfática nos juros, aumentando ainda mais a Selic.

Sobre o cenário internacional, nosso economista ponderou que o início do processo de tapering nos EUA foi bem telegrafado pelo banco central americano, e que a discussão do mercado deve se voltar para a velocidade do processo de alta de juros, que será definida pelo embate entre as visões divergentes sobre o quão temporário é o choque atual de inflação que observamos mundo afora.

Já o nosso CIO Leonardo Martins Moraes falou a respeito dos principais índices acionários. Enquanto a esmagadora maioria dos emergentes consegue ter desempenho positivo no acumulado do ano, a Bolsa brasileira cai na faixa de 13%: “Nos últimos 24 meses, o índice brasileiro é o único em baixa. Esse quadro reflete o cenário de elevada incerteza, e desperdiçamos a oportunidade gerada por um ambiente global favorável a ativos de risco”, disse.

Também participaram do webinar Gustavo Marini, fundador e co-CEO da Turim, e João Felipe Bandeira de Mello, analista de fundos.