A última leitura do índice de despesas de consumo pessoal dos Estados Unidos (Personal Consumption Expenditures – PCE) revelou uma revisão expressiva na série da taxa de poupança das famílias, aproximando-a de sua média histórica, após ter atingido patamares historicamente baixos, como mostrado no gráfico desta semana. Essa taxa representa a parcela poupada da renda disponível das famílias, que, por sua vez, corresponde ao rendimento líquido após o pagamento de impostos diretos (como o imposto de renda e as contribuições previdenciárias).
Essa revisão é relevante, pois indica que as famílias estão agindo de forma mais alinhada com seu comportamento histórico do que os dados sugeriam até o mês passado. Na prática, uma taxa de poupança mais elevada pode indicar que as famílias não estão tão “confiantes” quanto se acreditava, refletindo uma menor propensão a consumir. Uma possível explicação para esse fenômeno é o esgotamento da poupança excedente (ou circunstancial), ou seja, o fim do estoque “extra” de poupança acumulado durante a pandemia, em função dos programas de transferência de renda implementados pelo governo (conhecidos como “stimulus checks” ou “cheques de estímulo” em tradução livre), aliados às restrições sanitárias, que limitaram o consumo de serviços (como viagens e refeições fora de casa) por um período prolongado.
A confirmação do fim da poupança excedente (possivelmente um dos principais catalisadores por trás das surpresas positivas no crescimento econômico dos EUA nos anos pós-pandemia) e o consequente retorno à “normalidade” no que se refere ao comportamento das famílias podem ser fatores cruciais para uma desaceleração mais pronunciada na demanda agregada no país
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